Insegurança, Autoestima e as Relações Étnico-Raciais
- Psicólogo Fernando Brito

- 9 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de mar. de 2024
A partir da constituição social, estrutural e subjetiva uma marca que se repete de maneira singular/individual, nas pessoas que são acometidas pelas desigualdades raciais é a presença de insegurança e/ou baixa autoestima.
As desigualdades sociais moldam a subjetividade dos indivíduos, a partir das suas experiências ou das pessoas próximas. A noção de hierarquia das raças/etnias alimenta a perspectiva estrutural do racismo na sociedade que coexiste nas relações sociais (amorosas, profissionais, amizades, etc.) de maneira - muitas vezes - sutil, camuflando-se, "sem o impacto", que não se mostra como perceptivo a todos, gerando dúvida e por si só um mecanismo de imposição e controle, ao ponto de moldar subjetividades, emoções, sentimentos e até mesmo a intelectualidade.
A insegurança e a baixa autoestima estão ligadas aos mecanismos que geram duvida, citados no paragrafo anterior, pois para que uma pessoa apresente esses dois elementos ela está inserida em um contexto que lhe proporciona dificuldade de aceitação, falta de validação e um constante medo, seja ele de desagradar ou pela sensação de constante perigo.
Esses elementos se constituem na vida dos indivíduos por meio de inúmeras situações vão pouco a pouco minando a confiança; minando sentimentos, por vezes a capacidade intelectual e de trabalho, a afetividade nas relações amorosas, etc. Mas, se é imperceptível onde começar a prestar Atenção? Em todos os lugares. Afinal, situações de segregação racial, injuria racial e racismo ocorrem nas ruas, nos bairros, nas propagandas, em grupos de amizade, na família e/ou a de entes queridos. Os mecanismos são reforçados por instituições ou ambientes sociais comuns a todos como a escola, os ambientes de trabalho sejam eles no setor privado ou público, nos condomínios de moradia, shoppings, lanchonetes, restaurantes, etc.
O efeito colateral dessa desigualdade é a miséria afetiva e subjetiva em suas vastas vertentes. Romper com essa dinâmica subjetiva que controla, impede e aprisiona é o primeiro passo para a mudança que se faz necessária. No processo psicoterapêutico, são ofertadas possibilidades de romper com elementos narcísicos presentes no dia a dia da sociedade e que aprisionam a grande maioria dos indivíduos pelo simples fato de serem moldados a pensar, agir, vestir-se e se portar de uma forma condizente a atender uma exigência cultural distante e marcadamente diferente da sua realidade e da sua origem. A retificação subjetiva é o caminho para novas possibilidades de pensar, existir e, enfim, poder de fato viver.



